Road Trip 1 – Parte 2 – 16/02 a 19/02
Languedoc-Rousillon / Empordà / Girona
Dando prosseguimento ao relato de nossa viagem, conhecemos na manhã do segundo dia Perpignan. É uma cidade historicamente catalã, mas que em uma das muitas guerras foi cedida para a França, junto com a região em volta, o tal Rosilhão. Os catalães chamam também de Catalunya nord, ressaltando os laços culturais, mas por lá não vimos nenhuma “Estelada”, a bandeira independentista catalã, que abunda nos territórios sob domínio espanhol. Perpignan tem um lindo passeio ao longo do rio Basse, passando pelo centro histórico. O rio Tet, muito maior, divide a cidade não só fisicamente, mas também em estilo e aparentemente idade das construções. Há uma catedral imensa que, diferentemente das de Figueres, Girona ou mesmo de La Seu, é bastante iluminada e colorida (a torre me lembrou o Castelo Rá-Tim-Bum…). Destaca-se também nessa cidade um imenso forte que foi amplamente reformado durante sua história, devido as mudanças constantes de domínio sobre a cidade. É possível ver pelo menos 2 tipos diferentes de construção de pedra, além de trechos imensos de tijolos. A vista de cima do forte eu diria que é impagável, mas a entrada custa 4 euros, o que é bem pagável… O forte tem relação com algum palácio de Maiorca, pois houve um rei que teve os 2 territórios como domínio, mas a cidade trocou muitas vezes de mão, por diversos motivos, então é muito difícil mesmo descrever a cultura local em poucas palavras.
Saindo de Perpignan, seguimos sentido sudeste, chegando até as praias já quase na divisa com a Espanha. Paramos por um bom tempo em Port Vendres uma cidade muitíssimo charmosa, (*tipo Mônaco*) sem o problema de ter que lidar com ricaços. De fato, a cidade parece destino daqueles que realmente gostam de navegar mas só tem barcos pequeninos, além de aposentados. A marina da cidade possui uma grande quantidade de pequenas embarcações, mas poucas grandes e luxuosas. As construções são simples, mas bem preservadas, e também mantém um estilo coeso entre si. Demos uma boa volta pela cidade, até chegar a umas ruínas de fortes e bunkers na encosta de um penhasco. Além dos confrontos com a Espanha, ali também teve presença alemã na 2° guerra. Definitivamente um excelente lugar pra passar uma tarde despreocupada!
Seguimos a estrada passando por algumas outras cidades costeiras. Todas aqui seguem o padrão de além do litoral, por também estarem incrustadas nas montanhas, no trecho final dos Pirineus. As estradas são todas muito estreitas e os franceses dirigem assustadoramente mal por ali, mas a vista compensa. Eventualmente chegamos de volta a Catalunha, onde a gasolina é muito mais barata, mas não se encontra crepes de nutela… Na divisa, há um pequeno obelisco franquista, construído para marcar a vitória de seu golpe. Os catalães jogaram tinta vermelha no “monumento”, mas eu achei que ainda foi pouco… Por ali passaram muitos refugiados republicanos quando Franco tomou a Catalunha, tendo a França acolhido eles. Alguns inclusive lutaram pela França na segunda guerra, levando a Estelada para a batalha contra os nazistas. Claro, isso era proibido pelo governos francês, assim como outras línguas que não a oficial, mas catalães parecem não se preocupar com esses detalhes.
Seguimos pelo litoral até Cadaqués uma cidade absolutamente maravilhosa para se ver a distância, mas horrível para entrar. O cenário litorâneo e com construções todas brancas é magnífico, mas as ruas são todas muito estreitas e infestadas de carros. São pouquíssimos os pontos para se parar o carro fora da cidade e menos ainda para se parar dentro. De qualquer maneira, merece uma visita, principalmente para quem gosta do estilo da cidade de Paraty. Fomos até a vila de pescadores onde a Família do Salvador Dalí tinha uma casa. Lá tem um museu bem caro pro tamanho dele, e nós preferimos só ver de fora mesmo. Fomos a uma praia pequenina ali perto e quando criamos coragem para entrar na água gelada, percebemos que o mar estava infestado de águas vivas. Daí então mudamos nossos planos e fomos até um bairro com uns casarões no entorno da cidade e ficamos um bom tempo sentados assistindo ao mar se chocar contra os rochedos. Destacou-se nessa cidade uma “rua” com um rio no meio, que nos deixou muito confusos. Havia água correndo em quantidade no meio do caminho concretado, mas também haviam carros estacionados em volta. Sem saber se era uma rua alagada ou um canal quase vazio, resolvemos sair rápido dali.
Chegamos a Figueres no final do dia, desta vez com uma pousada agendada. *A pousada, chamada Don Pepe, é uma pequena hospedaria de um casal muito gentil, que vive no piso superior e aluga os quartos do piso intermediário. Por fora não daria nada pelo local, uma sobreloja numa avenida movimentada no perímetro da cidade, mas ao entrar nos deparamos com um local muito aconchegante, limpo, arrumado e confortável! Dormimos muitíssimo bem e aproveitamos os banhos quentes! Recomendo pra quem quiser se hospedar em Figueres. O preço é excelente e é possível reservar pelo booking.com, inclusive pelo app (http://hostaldonpepe.com/). Além disso está próxima da Decathlon local e de restaurantes mais baratos de rede, para os que preferem.* Depois de um bom e necessário banho, andamos até o centro da cidade para ver a catedral e alguns marcos na frente do museu Dalí, que estava fechado pelo horário já. Figueres é uma cidade que eu acho bastante curiosa. Se situa entre as montanhas e o mar, então há opções para todos os gostos! Também é pequena sem ser provinciana, e a presença do Dalí certamente contribui demais para isso. É bastante quente, mesmo agora no inverno, mas quem está ali e deseja esquiar pode obter isso com algumas poucas horas de estrada. Uma excelente cidade para os amantes de surrealismo e natureza!
No terceiro dia da viagem, descansados e revigorados pela boa noite de sono, resolvemos nos desgastar de novo logo pela manhã! Seguimos pra vila de Albanya, encravada no vale do rio Muga, e de lá pegamos uma estrada de terra até o começo da trilha para Sant Joan Bossols (Mussols em algumas versões). Dali, foram uns 40 minutos de subida por uma trilha com muita pedra solta até chegarmos na igreja. A vista de cima do cume é bastante ampla, podendo ver, em dias limpos, Figueres tranquilamente, apesar dos mais de 20 km de distancia em linha reta. Ficamos um pouco ali apreciando a paisagem e a antiga construção de pedra em um lugar tão ermo. Dali, seguimos para a encosta do rio Muga, mas a água fria e a correnteza forte impediram de até pensar em nadar.
De Figueres seguimos direto para Girona, onde vimos as impressionantes construções do centro velho. É um distrito construído numa encosta, com direito a uma catedral de proporções absurdas, uma extensa muralha com torres em intervalos regulares e jardins muito bem cuidados. As construções, todas de pedra, somadas a falta de qualquer presença de cor, faz com que a região pareça sinistra. Ainda assim, é tudo muito imponente. Seu rio, o Oñar, é bastante limpo, e as pontes notáveis e os prédios construídos sobre as margens criam um cenário delicioso para um passeio. Girona é uma cidade de extrema importância cultural e histórica para a Catalunha. Suas muralhas, por exemplo, são da época carolíngia, e seu bairro judeu é um dos mais preservados da Europa. Aqui encontramos os amigos que foram o motivo original da viagem. Mas pelas circunstâncias, cada um voltou a seu próprio local para dormir. *Nós ficamos num hostel com infra estrutura muito boa, no centro velho de Girona, por preço imbatível. Ele faz parte de La Xarxa Nacional d’Albergs Socials de Catalunya (XANASCAT – https://www.xanascat.cat/), uma rede catalã muito interessante. O esquema é de hostel, com beliches e banheiros compartilhados, mas conseguimos um quarto apenas para nós dois.*
No quarto e último dia seguimos todos para o litoral, passando por L´Estartit, onde almoçamos e passeamos pela marina da cidade, e depois indo até Begur, também no litoral, mas mais montanhosa. Ali subimos até uma pequena fortaleza no topo de uma colina, onde uma vista privilegiada para o mar aguardava, além de uma imensa e tremulante Estelada! Foi um dia mais tranquilo, mais focado nas refeições e nas conversas do que os anteriores e a volta nos tomou um tempo bastante longo, mas ainda assim foi uma viagem muito enriquecedora em todos os sentidos.
(*observações da JuReMa!As legendas das fotos também são by JuReMa)

Perpignan

Rio Basse

Rio Tet

Torre da Catedral

Catedral

Vista do forte

Vista do Forte

Forte

Forte

Forte
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Port Vendres

forficações em ruínas

Bunkers
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Cadaqués

Vila onde está o Museu Dalí (casa onde ele viveu)

Museu Casa Dalí
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Figueres Museu Dalí
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Albanya – Bifurcação próxima ao início da trilha, perto de onde deixamos o carro

Ponto onde saímos da estrada pra entrar na trilha em subida abrupta.

Igreja de St Joan de Mussols

Ruínas de outra igreja, já próxima ao Rio Muga

Rio Muga
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Girona

os jardins são muitos e lindos

parte de trás da catedral

catedral

vista de cima da muralha

muralha
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L’Estartit

Crédito da foto: Lívia Andrade

Crédito da foto: Lívia Andrade
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Vista da subida pro forte de Begur

Igrejinha no caminho – Sant Ramon Nonat

Vista do alto da fortificação

Estelada
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